Match Point - Capítulo 2

 Olá pessoal, como estão? 

E mais uma vez, depois de anos sem conseguir publicar nada em virtude da faculdade e do trabalho. Mas hoje trago mais um capítulo de Match Point.

Boa leitura!

Capítulo 2 

Fazia alguns meses que Odile Greyhound não dirigia um carro. Desde que voltou a morar em Londres, ela utilizava mais o metrô e táxis do que o carro presenteado por seu avô James Greyhound, em seu aniversário de 24 anos.

Naquele início manhã de sábado, George Best entregou as chaves de seu Mini Cooper vermelho para ela e se acomodou no banco do carona – algo excepcionalmente raro, já que ele adora dirigir, mas amava mais quando sua French Girl assumia o comando. Enquanto conduzia o carro calmamente para Wimbledon, George fumava e conversava com a namorada.

-Georgie, conte-me como conseguiu esses ingressos? – perguntou Odile curiosa.

-Tenho meus contatos. – Ele respondeu, com um sorriso malicioso entre os lábios, enquanto ele dava uma tragada em seu cigarro. – Então, você gostou do carro?

-Eu adorei! Melhor do que dirigir aquele velho Corola que meu avô me deu. – respondeu ela, sem tirar um olho da estrada.

-Que bom que gostou. – ele respondeu. – Porque ele é seu.

-Meu? – A jovem produtora de cinema ficou tão surpresa com aquele comentário, que levou o veículo para acostamento e parou de forma repentina. – Esse carro é meu?

-Sim, é meu presente para você. – George comentou. – Pelos nossos dois meses de namoro.

-Eu adorei! Obrigado, mon amour! – Ela respondeu, ainda sem acreditar que aquele carro chique era seu. Como compensação, Odile o beijou fortemente.

Com sua mão direita, George levantou a barra do vestido branco com flores que a jovem usava, e acariciou a perna dela. Ele começou a imaginar ambos fazendo amor dentro de carro, sem interrompidos ou pegos em flagrante. Os pensamentos floresceram e solidificaram na cabeça do norte-irlandês, fazendo com o desejo crescesse dentro dele.

-French Girl, encontre um lugar e pare o carro. – Ordenou George.

Odile encontrou uma estrada abandonada e estacionou. Ali se os dois se amaram intensamente, sem se importar que fossem chegar atrasados a seu compromisso.

***

Franz Beckenbauer estava enjoado naquela manhã. O voo de Munique para Londres havia sido cheio de turbulências e junto com seu nervosismo para o novo campeonato, que começaria no dia seguinte, fizera com que o tenista alemão passasse boa parte do trajeto aéreo prostrado em frente ao vaso sanitário, vomitando o café e os pães que ele comera de dejejum.  

Quando finalmente saiu do banheiro, encontrou seu amigo e empresário Gerd Müller e empresário, dando um beijo em uma aeromoça com quem ficou durante a pequena viagem. A jovem alta e loira e lhe entregou um pequeno cartão, contendo seu número de telefone, redes sociais e e-mail, para que o alemão entrasse em contato com ela.

--Ei cara, como você esta? – indagou Gerd, ao ver Franz pálido. O avião havia pousado e os dois desembarcaram na pista.

--Péssimo. Pareço um iniciante! – respondeu Franz, um pouco trêmulo.

--Nossa. – exclamou Gerd, guardando o número no bolso de sua calça jeans preta – É só uma fase cara, logo passa.

-Eu espero. – comentou Franz. – e como foi com a aeromoça?

-Gottel foi estupidamente maravilhosa. – Respondeu Gerd, com um sorriso juvenil. – Foram os 30 minutos mais incríveis que tive nos últimos dois dias!

Os dois caminhavam em direção a um homem alto, que segurava uma placa com o nome dos dois, próximo à uma Mercedes Benz preta. Ambos deduziram que aquele seria o motorista que os levaria até o hotel, onde encontrariam o novo patrocinador do tenista.

-E você não quer me passar o número dela não? – perguntou Franz, dando uma pequena cutucada com o cotovelo nas costelas do amigo.

-Não sei. Não anda transando?

-Não, cara. – respondeu Franz, em um tom triste. – Desde que me assumi tudo anda mais difícil. E isso já faz cinco meses.

-Se eu ficasse todo esse tempo sem fazer sexo, eu iria morrer! – respondeu Gerd, gargalhando alto.

O motorista se apresentou como Cecil e guardou as malas deles no porta-malas do carro.  Durante todo o caminho, os dois alemães conversaram sobre os mais diversos assuntos: a rotina de treinos, os filmes e séries que viram nos serviços de streamings que utilizavam na internet, seus possíveis oponentes e seu novo patrocinador do campeonato.

-Ouvi dizer que seu patrocinador do torneio é um galês bem rico – comentou Gerd.

-Legal – comentou Franz, em um tom de indiferença.

-Dizem que ele tem uma filha linda! – disse Gerd, empolgado.

-Legal – respondeu Franz, mais uma vez indiferente.

-A senhorita Felicity tem namorado. – comentou Cecil, enquanto dirigia.

-Como é? – os dois alemães perguntaram em coro.

Sem tirar os olhos da estrada, o motorista pegou um jornal que estava no banco do carona e entregou aos dois. Gerd pegou o jornal – uma edição matutina do The Sun -  e leu a manchete principal: “As garotas McGolds atacam novamente; Felicity e Louise apresentam seus novos pretendentes”. Quando abriu na sessão de fofocas deu de cara com inúmeras fotos das duas jovens.

Gerd observou calmamente as fotos. Uma era alta, de longos cabelos negros e usava um vestido roxo com longas botas pretas. A outra era um pouco mais baixa, loira e usava um vestido verde simples, um lenço branco nos cabelos e óculos escuros. Ao ver quem era o namorado de Felicity, o empresário fez uma careta.

-- Não acredito que esse é o namorado dela! – Comentou Gerd, com uma certa surpresa.  – Achei que ele tivesse se aposentado!

--Quem é? – Perguntou Franz, curioso com o comentário que ouvira. – Me mostra!

Gerd passou o jornal para o amigo e Franz se surpreendeu.

--Gianluigi Buffon? O goleiro da Juventus? – perguntou Franz de forma bem incrédula.

--Pois é. – respondeu Cecil. – Eles se assumiram há uns dois dias, em um post do Instagram.

--E quem é a loirinha? – indagou Gerd bem curioso. – Ela tem namorado?

--A dona Louise? Não, ela é conhecida pelos seus relacionamentos fracassados. – respondeu o motorista.

-- De relacionamentos fracassados eu entendo bem! – Gerd respondeu rindo e acabou por fazer seu amigo dar uma gargalhada alta.

Logo depois o carro adentrou a pequena cidade de Wimbledon e estacionou em frente hotel com estilo do começo do século XX. O motorista descarregou as malas dos dois tenistas alemães, e logo no hall de entrada encontraram com um homem alto, um pouco obeso, branco, cujos cabelos eram negros quase cinza. Em seu rosto havia vasta barba cinza, mostrando ao mundo que ele havia chegado a sua meia-idade.

Ele sorria de forma afável e conversava com outros hospedes e empregados. Ao ver a dupla, ele se aproximou e os cumprimentou com um forte aperto de mão.

--Sou Robert McGold, dono do Hotel Fernando.

Os olhares de Franz e de seu novo anfitrião se encontraram, gerando um sentimento que o alemão não sentia há vários anos: as famosas borboletas no estomago.

***

Louise McGold estava deitada em uma espreguiçadeira na beira da piscina do hotel, tomando um pouco de sol e buscava uma forma de relaxar sua mente. Tentava esquecer o ex-marido, o ex-namorado, o beijo com o tenista sueco e o affair ocasional com um escocês, ocorrido há cinco anos atrás.

Ela passou mais um pouco de protetor solar em seu corpo, ajeitou seu biquíni rosa pastel e voltou a olhar as nuvens naquela manhã de verão.

--A minha rede hotel é a mais completa do Reino Unido e da Europa central – dizia Robert McGold, enquanto mostrava aos dois tenistas alemães a área comum do espaço. – Ah, quero que vocês conheçam uma pessoa, venham comigo!

Ela sentiu uma mão tocando seu ombro esquerdo, e quando se virou, viu que seu tio estava atrás de sua cadeira, junto com os dois esportistas. Um era alto e magro, estava pálido como um doente, seus cabelos eram pretos e rebeldes, usava uma camisa polo branca com calças pretas e sapato social; enquanto o outro era um pouco mais baixo e lembrava um urso, tinha cabelos pretos, usava uma camisa preta, calça jeans e tênis.

-Lulu querida! Quero que conheça dois convidados especiais – disse Robb.  – Está minha sobrinha, Louise McGold. Ela é atriz de cinema. Estes são Franz e Gerd, são tenistas famosos.

Louise se levantou e os saudou. Eles não têm jeito de serem alemães, pensou ela, enquanto se apresentava aos dois. Ela reparou que o alemão mais baixo a olhava com certo deslumbramento, ao mesmo tempo em que notou que ele estava ficando excitado.

- É um prazer conhecer vocês. – respondeu ela de forma afável, sem tirar os olhos do alemão baixinho.

-Janta conosco hoje? – indagou Robb. – Vou promover um churrasco para dar boas vidas aos dois.

- É claro tio. – respondeu ela – Tudo bem se Odile me acompanhar?

- Ela já é da família, esta mais que convidada.

Os três se despediram de Louise e ela voltou para o seu banho de sol.

Robb caminhou com Franz e Gerd até o saguão, lhes entregou as chaves de seus respectivos quartos e agradeceu pela presença desses em seu hotel.

-Se você não chegar nessa loira, eu chego! – comentou Gerd ao amigo, no elevador.

-Para com isso, cara! Ela é sobrinha do nosso anfitrião! – ralhou Franz.

-Eu que não perco essa oportunidade! – Gerd sorriu e pensou numa forma de conquistar a moça

***

Do outro lado da piscina, Anastácia Romanov tomava sol junto com seu namorado Manuel Neuer. Os dois passaram boa parte da manhã fazendo amor e por fim, resolveram curtir um pouco antes do almoço.

Manuel encontrou uma edição perdida do jornal The Sun e se distraiu lendo a coluna de fofoca que dissecava a vida amorosa das primas McGolds. Enquanto isso, sua namorada checava os seus e-mails no celular, o alemão leu as últimas fofocas sobre a fotografa e se lembrou do dia em que a conheceu, durante uma festa na casa da ex-tenista Marie Greyhound, que acabou mexendo com ele.

Flashback on

Marie havia acabado de se mudar para uma confortável casa nos arredores do centro de Londres. e para comemora o momento, ela resolveu dar uma pequena festa, onde convidou seus amigos mais próximos.

Naquela noite, Manuel estava decidido a reencontrar com a escritora inglesa de ascendência russa que conhecerá durante um evento em Munique. O encontro acabou rendendo de uma ficada ocasional. Depois de passar algumas semanas conversando por mensagem, ele resolveu fugir do hotel onde estava hospedado, junto com a seleção de seu país, para um amistoso contra a Inglaterra e encontrar novamente, sua amada.

Enquanto caminhava até o local, o alemão pensava em como a pediria Ana em namoro. Distraído, ele trombou com uma mulher alta, fazendo com que Manuel derrubasse o ramalhete de flores que trazia e caixa de presente que a mulher segurava.

 

- Entschuldigung!– disse Manuel, tentando ajudar a estranha pegar sua caixa, mas que acabou batendo sua cabeça contra a dela – Me desculpe mesmo!

-Não, está tudo bem. – Ela respondeu, passando a mão entre os cabelos longos e pretos, bem aonde um galo da pancada formará em sua cabeça.

-Eu sinto muito mesmo. – dizia Manuel.

Por um breve momento, os olhos dois se encontraram e Manuel sentiu uma pequena corrente elétrica correndo em suas veias.

-Eu te conheço? – perguntou ela, franzido o cenho e se aproximando dele – Você me parece conhecido.

-Eu sou... – quando se preparava para responder, a anfitriã abriu a porta e viu os dois.

-Fefe, está tudo bem? – perguntou Marie, descendo as escadas que compunham o pequeno hall de sua entrada. – Escutei um barulho estranho e vim ver o que era.

-Ah, eu trombei com esse moço aqui. – respondeu Felicity, apontando para o alemão.

-Você é o Manuel Neuer, não é? – perguntou Marie. – O goleiro da Alemanha, certo?

-Sou. – respondeu ele com um sorriso no rosto.

-Está perdido por aqui? – perguntou Felicity, curiosa.

-Vim encontrar uma pessoa nessa festa. – respondeu o goleiro, sem jeito e envergonhado.

-Mon Dieu! Você é o acompanhante da Ana! – Marie entrou rapidamente e chamou Anastácia.

-Você veio! – disse a escritora, aparecendo sorridente na porta

-Ja! – O alemão abraçou Anastácia fortemente.

-Vamos entrando, pessoal – disse Marie – Se não vamos morrer nesse frio!

Os quatro entraram na casa e Manuel se apresentou cordialmente a Felicity e Marie.

-Mentira que seu acompanhante era é Manuel Neuer! – comentou Nora se aproximando e cumprimentando também o goleiro alemão. –Amiga, eu estou passada!

As quatro riram da situação e foram curtir a festa. Marie mostrou a casa a Felicity, enquanto Manuel levou Ana para cozinha e lhe roubou um beijo ardente.

-Trouxe flores para você, fraulein! – disse ele, entregando o ramalhete, um pouco amassado.

-Não precisava querido! – respondeu ela, o abraçando.

-Queria lhe fazer um pedido. – disse Manuel, segurando as mãos dela e a olhou fixamente nos olhos. – Quer ser minha namorada?

-Sim! Eu aceito! – respondeu ela, o beijando fortemente. – Mil vezes sim, querido!

As amigas de Anastácia viram a cena e aplaudiram tal momento.Manuel passou toda festa ao lado de sua namorada, mas sua mente sempre o levava até Felicity.

Flashback off

-Você se lembra da minha amiga Felicity? – Perguntou Anastácia ao seu namorado, ao quando terminou sua checagem de e-mails.

- É claro. – respondeu ele, sem tirar os olhos do jornal.

-O pai dela acabou de me mandar um e-mail, nos convidando para um churrasco na casa dele, vamos?

- Sim – respondeu ele sorrindo, vendo uma possibilidade de rever sua antiga paixão secreta.

-Ótimo, vou avisar Robb agora mesmo.


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