A Modern Vampires Of City - Capítulo 4

Olá leitores, como vocês estão? Sei que eu sumi ( TCC é horrível), mas trago mais um capítulo de Vampires, bora conferir?

 Capítulo 4

Aquele dia estava sendo terrível para Gordon Banks. Desde manhã estava como uma terrível dor de cabeça, que ele tinha certeza que era resultado de todas aquelas noites mal dormidas e que acabava piorando a cada xícara de café que ele tomava, para tentar manter-se acordado.

Enquanto escrevia um boletim sobre os afazeres da rainha Victoria naquele dia, mais uma tarde de encontros com as senhoras benfeitoras do Fundo de Caridade Para Com os Soldados em Batalha, uma visita à um de seus vários sobrinhos, já que ela possuía um parente em cada casa em Londres e um jantar com seus filhos e netos.

Enquanto escrevia, alguém lhe cutucou o braço. Banks estava tão copenetrado em sua escrita que acabará tomando um susto ao ver o menino de recados, Balian chegar.

-Por deus Balian. – Disse Gordon, tentando se acalmar do susto. – Você poderia ser menos silencioso às vezes!

-Desculpe sir – respondeu o garoto. Balian era um menino de aproximadamente dez anos -  pequeno, pálido e esguio, cujos ossos, na ausência de massa corporal se sobressaiam da pele- trabalhava com menino de recados para sustentar sua mãe e seus quatro irmãos. Ele mexeu no pequeno casaco que usa que vestia e de um dos bolsos, tirou um pequeno envelope – Me mandaram trazer isso pro senhor.
 
-Obrigado – Gordon agradeceu e pegou o envelope das mãos do menino e abriu, tirando dali um bilhete cuidadosamente dobrado. Ele o abriu e começou a ler seus dizeres.

“Estimado Gordon, temos de decidir a respeito do que foi previsto em relação à ameaça de vampiros. Esteja hoje às vinte e uma horas. Contamos com você.”
Sir Alex Fergunson.”

-São três pences senhor. – disse Balian, estendendo a mão para Gordon. Este remexeu em um dos bolsos de seu paletó e de lá tirou cinco pences e entregou para o garoto. Ele olhou o dinheiro e sorriu – Obrigado senhor.

-Leve isto também. – Gordon pegou uma pequena trouxa de pano que continha seu almoço e dela tirou uma maçã verde e entregou para o menino. – Até a próxima.

O menino se despediu do jornalista e saiu da redação do jornal. Gordon sentiu a pálpebra tremer, começou respirar de forma pesada e suas mãos estavam tremendo. Era um sinal claro que estava ansioso para o encontro que aconteceria naquela noite.

Gordon tentava controlar aquela pequena crise de ansiedade, quando sentiu uma mão tocando seu ombro. Era seu editor e amigo pessoal, Nobert Stilles.

-Está tudo bem, amigo? – perguntou Nobert, vendo que Gordon estava pálido de tanta ansiedade.
-Um pouco. – respondeu Gordon, tentando respirar de forma mais calma.

-Vi que Balian lhe trouxe um recado. – Nobert comentou – É do Fergunson?

-Sim. – respondeu Gordon. –Ele quer que eu e Dolores vamos ao castelo, hoje à noite.

-Entendi sua preocupação agora. – disse Nobert – Você precisa descansar. Pode ir para a casa meu amigo. Descanse e preparar-se para o encontro.

-Tenho muitas coisas para apurar. – contestou Gordon – Não precisa se preocupar, Nobby! Eu estou bem.

-Não está. – respondeu Nobert. – Está ansioso e com medo de não se admitido. Vá para casa, descanse.  A ordem só quer os melhores e você meu amigo, é um deles. Ball pode fazer suas apurações hoje.

Mesmo relutante Gordon pegou suas coisas e agradeceu o editor por ser liberado mais cedo trabalho. Ele pegou sua bicicleta e rumou para sua casa, que não ficava muito longe dali. Quando chegou a sua casa, Gordon encontrou sua esposa, Dolores, espanando alguns moveis do antiquário que ela montou abaixo do apartamento que eles viviam.

Quando ela viu o marido entrando na loja, logo percebeu que algo estava acontecendo.

-O que foi meu bem? – indagou ela, ao ver a expressão séria do marido. – Aconteceu alguma coisa no trabalho?

-Recebi esta carta. – disse ele, tirando o envelope do bolso e mostrando para a amada, ela abriu e leu os dizeres desta. – Vai ser hoje à noite.

Os dois ficaram em silêncio e Dolores percebeu o quanto a respiração do amado estava pesado. Ela sugeriu à Gordon que ele descanse um pouco, antes do almoço, enquanto ela ficava na loja. Gordon subiu para o andar de cima, que ficava o apartamento onde o casal vivia e foi para o quarto, onde deitou-se e ficou com a roupa que estava no corpo, tirando apenas os sapatos. Um dos gatos de Dolores, Tim, subiu na cama e aninhou-se ao seu dono. Ambos dormiram calmamente.

Uma hora depois, Gordon acordou com o cheiro do almoço. Foi para a pequena cozinha e almoçou uma sopa com legumes e pão, junto com sua esposa. Depois, ambos trabalharam na loja, onde venderam um armário que pertencerá ao navio de Napoleão Bonaparte, para um lorde que tinha um grande apreço pelo general francês. E quando o Big Ben soou cinco da tarde, fecharam a loja e começaram a se preparar.

Gordon preparou as armas, suas duas espingardas, uma escopeta, o revolver de Dolores, com balas de pratas e as guardou em uma grande mala. Preparou a besta da esposa com algumas flechas de pratas, molhadas com água benta, guardando em outra pequena mala e poliu as espadas de pratas e as colocou em um grande canudo de carregar mapas.

O casal tomou seu chá e depois tomaram uma carruagem até a basílica de Westerminter, na região central de Londres. Gordon tentava se acalmar, pensando que tudo daria certo, entretanto a única coisa que conseguia pensar naquele momento era a noite em que salvará Dolores, de um ataque de vampiros na cidade, onde sua família fora dizimada, sobrando somente ela e seu avô paterno, Edward.

-Vai dar tudo certo, meu amor. – disse ela, entrelaçando sua mão junto a dele e depois encostou sua cabeça no ombro de Gordon. Dolores possuía ascendência espanhola por parte de mãe, o que a tornava mais calorosa de qualquer outra mulher que ele já havia cortejado e, aquelas pequenas atitudes o faziam com que ele se apaixonasse ainda mais por ela. 

Pouco tempo depois a carruagem parou. O casal olhou pela pequena janela e viu que estavam na frente da catedral. O cocheiro abriu a porta e ajudou Dolores descer com sua pequena mala de mão, depois foi a vez de Gordon, este pagou o cocheiro e agradeceu pela pequena viagem.

O casal entrou na basílica, que estava no começo de seu último culto daquele dia. Mesmo Dolores sendo católica e Gordon tendo sido convertido a esta quando se casou com ela, os dois assistiram aquela celebração. Durante a homilia do bispo escocês Matthew Busby, seu ajudante Robert Paisley, apareceu ao lado de Gordon e sentou-se ao seu lado.

-Sob a alvorada ele vem, cavalgando com sua espada embainhada... – disse Paisley, falando a primeira parte de uma das senhas que os caçadores da Ordem mais utilizavam.

-O Templário prateado chega a todos nós. – completou Gordon, com o olhar fixo para o púlpito da Igreja.

-Boa noite Mr. & Mrs. Banks. – cumprimentou o ajudante com um sorriso entre os lábios.

-Boa noite. – cumprimentou o casal.

-Estão prontos para a noite de hoje? – indagou Paisley.

-Um pouco ansiosos, mas preparados! – respondeu Dolores, confiante.

-Treinamos bastante e não vamos falhar! – respondeu Gordon.

-Ainda bem. – respondeu Paisley – A Ordem os estima demais. – o ajudante se levantou e sorriu para os dois. – Tenho de continuar ajudando o bispo, com sua licença. – Ele fez um gesto com a cabeça para os dois e saiu.

A Ordem, é chamada de Ordem de São Coronado, existe desde a era da Nona Cruzada, fundada em 1271 pelo cavaleiro templário Sir Charles Barsbian. Quando A Ordem foi criada, o objetivo visava em lutar ao lado da Ordem de São João de Jerusalém (Hospitalários) e dos Templários no combate contra criaturas sobrenaturais, que ameaçavam os cristãos.

 Após o fim das Cruzadas, ainda ficou a ameaça desses seres e a Ordem passou por diversas reformas ao longo dos anos. O processo de seleção dos guerreiros se deve as suas habilidades. Alguns manifestavam através da determinação, outros já nasceram assim e só precisavam de treinamento bélico. Antes disso, os aspirantes são obrigados a estudar Teologia e ler todos os dias a Bíblia. Após o treinamento, eles são postos a prova em missões de nível baixo, como resgate de filhos jovens dos nobres e acabar com possíveis inimigos. São exatos 3 missões deste nível para o guerreiro ser aceito na Ordem e receber o título de caçador. Devido ao histórico de vitórias nos combates, o caçador pode ser aceito como Sir, comandando outros caçadores e por fim como Monsenhores, os chefes dos Sir. O líder deles é chamado Chanceler.

O casal resolverá integrar a ordem a fim de evitar que vidas fossem perdidas e exterminar aquele mal que empesteara o planeta. E agora, Gordon e Dolores se encontravam em sua última missão. Não tinham ideia do que esperar do que poderia vir acontecer nas próximas horas.

-O que será que vamos enfrentar, meu amor? – indagou, Dolores.

-Eu realmente não sei. É muito diferente daquilo que já enfrentamos. – respondeu ele e depois segurou a mão dela – Nós vamos conseguir.

Na primeira missão, Gordon foi mandado para investigar o desaparecimento de uma jovem de quinze anos, filha de um importante parlamentar da Câmara dos Lordes, cuja a única pista que havia sido encontrado um lenço, em uma antiga igreja católica abandonada no norte da cidade. Depois de três semanas investigando, ele descobriu que um vampiro estadunidense que raptara a jovem, a fim de fazer um ritual satânico. Por sorte, Gordon conseguiu matar o vampiro antes que esse conseguisse cumpri com seu ritual.

Já Dolores, recebeu a missão de investigar uma famosa cartomante romena que atrai dezena de pessoas todos os dias para sua casa, no centro da cidade, alegando que tinha o poder de prever o futuro. Entretanto, aqueles que a visitava dias depois apareciam mortos. Depois de uma semana investigando, descobriu que a cartomante era um vampira e Dolores a degolou na frente de uma mulher que seria sua próxima vítima.

 E agora estavam à espera dessa nova missão, que faria eles ingressarem na ordem.

Com o término da celebração, o casal se dirigiu a sacristia e ali encontrou o bispo Busby retirando a batina.

-Boa noite. – cumprimentou Busby, enquanto colocava a gravata. – Devem estar se perguntando por que um escocês católica realiza celebrações anglicanas, não é?

-Talvez seja um bom disfarce. – respondeu Dolores sorrindo.

-E é. – respondeu Busby, olhando-se no pequeno espelho e colocando a gravata no lugar certo. – Minha esposa Jean que deu tal ideia. Ela disse que nunca suspeitariam, e cá estou, 30 anos com o mesmo disfarce.

O casal sorriu e Pairsley surgiu atrás dele segurando quatro castiçais com velas acesas, entrando na sala. Busby vestiu o paletó e pegou seu chapéu.

-Queiram me acompanhar até as criptas, por favor. – disse o escocês fazendo um gesto para que o casal saísse da sacristia e continuasse a caminhar por dentro da catedral, até chegarem em parte que era dedicada ao rei Edward, o Confessor.

Pairsley abriu a porta e entrou ali, os outros três o seguiram em silêncio e se deparam com algumas escadas, desceram estas e chegaram a outra porta, que dava diretamente as criptas. Gordon iluminou ali e viu diversos túmulos de reis, de lordes e outras personalidades como pintores e cientistas. De repente Pairsley parou e os outros pararam em seguida, em frente a um túmulo, todos iluminaram e ali se leu “Em Memória de Charles Darwin – 1820 – 1880”.

-Chegamos. – disse Pairsley. – Gordon, ajude-me aqui por favor.

Ambos entregaram as velas para Dolores e Matt. Gordon viu que Pairsley foi para o outro lado e começou a empurrar a pedra de mármore preto e inscrições douradas, que fechava o túmulo.

-Espera, nós... Vamos violar o túmulo de Charles Darwin? – indagou Gordon atônito com aquilo.
-Não vamos violar o túmulo dele! – disse Busby. – O túmulo verdadeiro dele, está logo atrás de você!
Gordon virou-se e viu que a havia uma lápide semelhante que estava a sua frente, só que esta era de mármore branco com letras pretas, e a data da sua morte estava 1809 – 1882.

-Este que vamos abrir contém os utensílios dele. – respondeu Pairsley, apontando para o túmulo. – Agora Gordon, vamos empurrar.

Ambos empurraram a lápide até que parte dessa estivesse no chão. As velas foram aproximadas e ali viu se livros, cadernos, pequenas maletas fechadas e armas.

-Charles Darwin foi membro da Ordem desde muito cedo. – contou Busby. – Seu pai, Robert Darwin era um exímio caçador de lobisomens. Caçava-os como se estivesse caçando um cervo em sua casa de veraneio. E por isso, trouxe o pequeno Charlie para a ordem quando ele só era um menininho. Nós financiamos todos os projetos dele, desde as pesquisas na América do Sul até sua pesquisa sobre vampiros e lobisomens.

Dolores piscou várias vezes incrédula. Nunca passou pela sua cabeça que Charles Darwin poderia ter estudado sobre os seres noturnos.

-Dolores, está vendo esse vaso perto da borda do túmulo? – disse Busby, apontando em direção ao um vaso de metal com algumas rosas brancas. – Pegue a chave que está ai dentro.

Ela retirou as rosas com cuidado e enfiou sua mão direita com cuidado e tirou uma chave com um cordão vermelho amarrado e entregou a Busby. Pairsley pegou um livro de capa preta e letras dourados chamado “Os genes – Vampiros e Lobos” e entregou para Busby, que abriu com a chave, e depois entregou o livro para Dolores.

-Abra por favor no capítulo cinco, senhora. – disse Pairsley. – E leia para nós.

Dolores abriu o livro, procurou o capítulo cinco e leu para todos.

-A doença do lobisomem raivoso. – Ela leu. – Quando um humano transformado em lobisomem, não consegue controlar as suas transformações e acaba por contagiar-se da doença do cão raivoso, muito acometida em cães comuns, acaba tendo os mesmos sintomas. E são eles: Olhos esbugalhados e vermelhos, boca espumando e um descontrole de sua força.

-Muito bem. – disse Busby. – A missão de vocês é caçar um lobisomem que vive no cemitério de High Gate, no norte da cidade. Ele esta com essa doença, do ‘cachorro louco’ e anda matando muitas pessoas e retirando seu coração para se alimentar.

-Há uma carruagem os esperando já. – completou Pairsley. – Vocês tem de agir rápido.

A tampa do falso túmulo foi recolada em seu lugar e os Banks pegaram seus novos apetrechos e seguiram os dois sacerdotes de volta para a abadia. Do centro da igreja, era possível escutar os relinchos assustados dos cavalos e seus tentando acalmar os animais.

-É hora de nos despedirmos. – disse Busby, por fim. – Eu lhes desejo boa sorte e que Deus abençoe essa caçada de vocês.

-Obrigada, senhor. – respondeu os dois.

-E tomem muito cuidado. – acrescentou Pairsley.

O casal agradeceu-os, saíram da abadia e tomaram a carruagem. Depois de um difícil trajeto, eles chegaram ao norte da cidade, no bairro de High Gate, que se encontrava vazio, com poucas pessoas fora de suas casas ou nos pubs.

-Isso é estranho. – comentou Gordon, olhando pelas janelas da carruagem.

-Todos têm medo do que está acontecendo. – disse um dos cocheiros. – Estamos próximos. É melhor se preparem.

Pouco depois a carruagem parou. A porta foi aberta e um dos cocheiro, o mais magro ajudou Dolores a descer e Gordon saltou da carruagem, segurando as maletas com as armas.

-Nós os deixamos aqui. – disse o outro cocheiro, o gordo. – Agora é por conta de vocês. Boa sorte.

O cocheiro magro subiu novamente na carruagem e o outro estalou seu chicote no lobo de um cavalos, fazendo com este relinchasse alto e começasse a correr, puxando a carroça para longe. Gordon e Dolores, olharam a carruagem desaparecer no meio da neblina e depois voltaram sua atenção para o outro lado da rua.

Os dois atravessaram a rua e encontraram os portões do cemitério entre abertos. O cadeado e a corrente que os seguravam estava quebrados no chão. Gordon abriu os dois portões e Dolores entrou e ele a seguiu.

-Acho que vamos precisar de uma lamparina. – comentou ela. – Você trouxe?

-Sim. – respondeu ele, abrindo uma das maletas e tirando uma lamparina, e ascendendo-a.

-Agora ilumine aqui perto de mim. – disse ela. Gordon fez o que ela pediu e viu ela com as mãos para trás, desamarrando a parte de baixo de seu vestido. Ela tirou a saia do vestido revelando que estava usando um par de calças marrons. – Bem melhor assim. Se vou caçar, quero caçar da mesma forma que você.

-Você fica maravilhosa de calças, Lola. – Disse ele, sorrindo. – Agora vamos meu amor, temos um lobo para caçar.

Dolores guardou a saia em uma das malas, pegando-a e segurou a mão de Gordon. Os dois começaram a caminhar pela pequena estrada que o cemitério possuía, olhando nos túmulos procurando qualquer rastro do lobo que vivia naquele lugar. Dolores notou que as mãos do marido estavam empapadas de suor.

-Querido, você está bem? – Perguntou ela, parando e encarando o marido, com um olhar preocupado.
-Para ser sincero, não estou. – Ele admitiu. – Estou com medo que algo de muito ruim ocorra. Estou com medo de te perder.

Ela tocou o rosto do marido e o beijou delicadamente os lábios dele.

-Banksy, seu tolinho. – Disse ela, sorrindo. – Vai dar tudo certo. Vamos matar esse lobo e depois serei só sua.

Ele sorriu e puxou ela para outro beijo bem forte, que acabou sendo interrompido por um uivo vindo de longe.

-Está na hora. – disse ela.

Eles esconderam atrás de um jazigo próximo à pequena estrada central e abaixaram o fogo do pequeno lampião, e tornaram a observar um homem chegando carregando em seus braços uma moça desacordada. Ele caminhou até uma tumba e abriu o portão que essa possuía, escancarando-o. O casal de caçadores segui-o cautelosamente, escondendo-se atrás de jazigos que ficavam em frente a tumba. Dali, o casal percebeu que as velas estavam acesas e que jovem estava deitada em cima de um túmulo interno feito de mármore branco.

-Será que ela está viva? – Gordon sussurrou a Dolores.

-Temos de nos aproximar para ver melhor. – ela respondeu.

Com cuidado, os dois saíram de trás do jazigo e começaram a caminhar, tentando evitar fazer qualquer tipo de barulho. Quando notaram o que homem saia de dentro do mausoléu abaixaram-se outra vez e observaram ele caminhando, enquanto os gritos de uma mulher vindo do lugar.
A lua estava cheia e iluminava toda a necrópole. O homem tirou o casaco e o chapéu e jogou longe. Ele abriu seus braços e gritou, encurvando suas costas, fazendo com que suas roupas começassem a rasgar, revelando sua espinha dorsal. Ele caiu de joelhos no chão e uivou para a lua. Pelos surgiram e a face do homem transformam-se na de um cão. Ele uivava cada vez mais alto, o jovem sumira dando lugar a face animalesca de um lobisomem.

O casal se entre olharam e deram as mãos, estavam assustados com aquilo que viram. Ouviram o lobisomem correr para dentro do cemitério.

-É nossa hora. – Sussurrou Gordon à esposa. Ela assentiu com a cabeça e ambos se levantaram atrás do jazigo, e caminharam à passos rápidos para o pequeno mausoléu e encontraram uma jovem, de aproximadamente quinze anos, usando um vestido branco amarrada em cima de um caixão de mármore branco.

Os dois se aproximaram da moça e começaram a desamarra-la.

-Por favor, pare gritar! – Dolores pediu. Ela desamarrou a boca da menina, fazendo com que ela respirasse melhor.

-Muito obrigado! Muito obrigado! – Respondeu a jovem, abraçando Lola.

Do mausoléu, os três escutaram um uivo vindo de longe, da parte leste do cemitério.

-Eu vou ir até lá. – Disse Gordon, engatilhando sua espingarda. – Vocês duas ficam aqui e escondam-se!

-Não! Eu vou com você! – Respondeu Dolores, aproximando do marido. – Não vou deixar você ir sozinho!

-Lola, é melhor assim! – Gordon encarou Dolores e ela segurou a mão dela. – Não suportaria perder você!

-Gordon, vamos fazer isso juntos! – Dolores respondeu, puxando a pistola. – Quero ter um casaco de pele de lobo!

O casal orientou a jovem que ficasse bem escondida atrás do jazigo onde tinham escondido suas coisas e foram em direção ao uivo que começava a ficar mais forte. Ao chegarem na parte dos túmulos dos mais pobres, encontraram o lobisomem lutando um com o cão, que acabou sendo arremessado para em uma lápide e caiu desacordado, com isso a besta aproximou e começou a comer a barriga do pobre cão, enquanto uivava ainda mais.

-Como vamos mata-lo? – Indagou Gordon à esposa.

-Temos de aproveitar agora e quebrar o pescoço dele. – Respondeu ela.

-Vamos cercá-lo. Vá para a direita, com cuidado, enquanto fico com a esquerda. – Dolores assentiu com a cabeça e preparou o revolver.

Com cuidado ambos caminharam para cada lado e quando o lobisomem abaixou para abocanhar mais um pedaço do cão, Gordon lhe deu o primeiro tiro, acertando no braço direito. O animal rosnou e farejou procurando seu algoz, enquanto Lola abaixada atrás de algumas lápides acertou outro tiro, agora acertando a perna esquerda. O animal fraquejou, caindo mas conseguiu se recompor e seus olhos encontraram Dolores.

O lobisomem começou a correr em direção a ela e ela tornou a atirar. Gordon preparou mais balas e voltou a atirar contra as costas do bicho, tentando distrair esse para que a esposa conseguisse correr.

-Entidade do diabo! – Gritou Gordon. – Está na hora de manda-lo de volta para o inferno!

O lobo voltou-se o caçador e começou a correr em direção a esse, enquanto recebia uma saraivada de tiros. Vendo que o animal se aproximava, Gordon sacou a espada e preparou-se para atacar o lobo, e quando esse aproximou, o caçador atacou na perna ferida do bicho.

Os dois iniciaram uma intensa luta, onde Gordon conseguia enfiar ainda mais a espada no animal, que começava a ceder de dor. Dolores se aproximou com a besta e atirou várias flechas na região abdominal do lobisomem, fazendo com que ele começasse a cair. Quando o lobisomem caiu, Gordon conseguiu espetar uma injeção com um soro anti-lobisomem, que fazia o animal voltar a ser humano.
 Aos poucos, o lobo foi perdendo seu pelo e voltando a ser um rapaz de aproximadamente vinte e seis anos outra vez, e desmaiando na grama do cemitério.

Gordon pegou o corpo do jovem em seus braços, enquanto a esposa recolheu as armas e juntos seguiram caminhando para a entrada oeste do cemitério, onde haviam deixado o resto de suas maletas e armas. Durante todo o trajeto, o casal foi conversando sobre o cotidiano, sobre itens que foram vendidos na loja e sobre o verão que estava quase no fim. Ao chegarem na ala que deixaram as coisas, encontraram a moça que resgataram conversando com o cocheiro que os trouxera. Ele ajudou a colocar o rapaz dentro da carruagem e algemá-lo com algemas de prata em suas mãos.

-Então, não tivemos tempo para perguntar, como você se chama? - Questionou Dolores.

-Helen White. – Respondeu a jovem. – Trabalho numa fábrica de tecidos no norte de Londres.

-E você conhecia esse rapaz? – Indagou Gordon.

-Trabalhávamos juntos. – Helen olhava para o rapaz e começava a chorar. – Ele era noivo da minha amiga, Violet Hapton, que trabalhava na fábrica. Ele havia sumido e ela estava desesperada atrás dele, pensamos que ele tinha casado com outra ou entrado para a marinha!

-Compreendemos bem. – Respondeu o casal ao mesmo tempo.

-Pelo menos, ambos poderão ser enterrados juntos. – Comentou a jovem.

-Ela morreu? – Gordon perguntou surpreso.

-Sim, foi encontrada na porta de casa com as entranhas para fora. – Respondeu Helen. – Eu vi aquilo e foi tenebroso.

Dolores consolou a jovem que estava muito abalada. Pouco depois a carruagem parou e o cocheiro abriu a pequena porta do coche, ajudando os passageiros a descerem, eles haviam chegado a Temple of Church - uma igreja católica localizada na Temple Place -, um antigo templo fundado por cavaleiros templários e que agora servia como sede para a Ordem de São Coronado.

Hilton foi encaminhado para a área hospitalar, a fim de ser estudado pelos vários cientistas para entender a sua doença e uma forma de curá-la. Já Helen White foi encaminhada para um depoimento com outro membro da ordem e um policial da Scotland Yard. O casal Banks voltou para a casa e no outro dia, ambos entregaram seus relatórios sobre suas missões.

Dois dias depois eles retornaram à capela de Temple of Church, para receber os títulos de caçadores da Ordem. Ali estavam presentes os pais de Gordon e o avô de Dolores, além dos outros membros da ordem militar. Os dois foram receberam a capa vermelho-bordo e foram abençoados pelo padre Mackenzie de Liverpool, e receberam das mãos do Príncipe Alfred – o Duque de Edimburgo – um membro honorário da Ordem -, a espada e a medalha de São Eustáquio, o padroeiro dos caçadores.

-Hoje meus irmãos, estamos aqui para receber nossos novos irmãos caçadores. – Disse o príncipe. – Por suas grandezas e bravuras, eu os condecoro com a espada, para defender seus irmãos e todos aqueles que necessitarem de sua ajuda – e a medalha São Eustáquio, para que continuem lutando e persistindo pelos os ideais da Ordem. Honra, Glória e Bondade! Quod Deus ex vi vobiscum! (Que a força de Deus esteja com você!)

 -Quod Deus ex vi vobiscum! – Entoou o casal.

- Quod Deus ex vi vobiscum – Entoou o resto da igreja.

-Sejam bem-vindos, irmãos Dolores e Gordon Banks! – elicitou o príncipe.

O casal agradeceu. Ambos estavam muito felizes, principalmente Gordon pela esposa. Dolores se tornou a primeira caçadora da Ordem, seu avô sorria enquanto chorava de alegria pela neta, pensava que os pais dela estariam muito orgulhosos.  Ao fim da cerimônia, foi lhes oferecido um jantar e enquanto esperavam serem servidos, Gordon comentou:

-Sabe o que falta agora?

-O que?

-Um filho!

-Gordon! – Respondeu ela rindo. – É muito cedo para isso! Acabamos de entrar na ordem!
-Mas já podemos pensar na nossa descendência, não é?

-É claro!

Ambos trocaram um beijo e riram, eles sabiam que o filho que tivessem seria um grande caçador.                                                                                                                    

 

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