Pictures Of Lily - Capítulo 15.

Para começarmos o ano bem, um novo capítulo de Pictures Of Lily. Boa leitura e um feliz ano novo a todos, especialmente as meninas, Inara, Mariana Campos, Alice e Carolina.




 Os dias que seguiram após a conversa entre Roger e Marie foram os mais criativos que esta já teve em toda a sua vida, algo que até relatou em carta para seus pais.

Ela havia conseguido escrever entorno de 20 novas páginas de seu romance. Tinha conseguido finalmente dar um sentido à ida de sua personagem, que agora se chamava Key, a aquela festa em Londres: um encontro surreal com um aspirante a poeta chamado Harry, que conquistara a moça através de alguns versos escritos num guardanapo um pouco sujo por conta de uma cerveja tomada.

Na opinião de Marie aquelas vinte páginas estavam boas, mas ela precisava de outras opiniões e numa das inúmeras festas que ela foi acompanhada por Jim acabou sendo apresentada à Truman Capote, escritor mundialmente reconhecido pelos livros “Bonequinha de Luxo” e “A Sangue Frio” e por ser também o pai do New Journalism.

-Sei que isso é chato de se pedir – disse ela, enquanto tomava uma taça de Martini com seu ídolo – Mas o senhor leria o manuscrito do meu livro e daria uma opinião?

Truman bebericou mais algumas vezes o seu Martini, observou Marie e sorriu de seu jeito peculiar.
-É claro, minha querida – respondeu ele –Só peço que não me chame de senhor, isso faz com que eu me sinta muito velho!

Três depois de conseguiu tirar fotocopias de todas as páginas do manuscrito, Marie enviou-o para o escritório de Capote e dois dias depois ela recebeu este todo corrigido com caneta preta, igual aos trabalhos que ela fazia na faculdade, mas em vez de anotações na confusa caligrafia de seus professores, ela se deparou com uma caligrafia fina e metodicamente organizada, bem como os seus comentários. 

-Ual! – disse ela, enquanto folheava aquelas páginas, admirada, como se fosse uma criança que acabou de ganahr um brinquedo novo.

 Anexadas a aquelas paginas se encontrava um pequeno bilhete com os dizeres: “Quero mais 20 páginas para a semana que vem!”

-Como é que vou escrever mais 20 páginas pra semana que vem se semana que vem eu vou estar ocupada demais? – perguntou ela a si mesma, conferindo a sua agenda – Vai ter o lançamento do Strange Days, tem as entrevista do Simon & Garfunkel e ainda o ensaio com a Twiggy! 

-O que foi meu bem? – perguntou Jim, indo até ela no pequeno escritório – Aconteceu alguma coisa?

-Na verdade tem muitas coisas que estão para acontecer, garotão – respondeu ela – Tenho que entregar mais 20 páginas do meu romance para o Truman em menos de uma semana, só que eu estou com a agenda lotada até daqui a duas semanas e não sei vai dar tempo de escrever!

-Vai dar tempo sim! – respondeu ele, massageando os ombros dela – Só tem que ficar calma e respirar!

Marie inspirou e soltou o ar de volta e com esse pensamento de Jim ela conseguiu agüentar a coletiva de imprensa e a festa de lançamento do novo disco do Doors, no qual foi citada como fonte de inspiração pelos quatro músicos pro disco e ainda fazer uma das melhores matérias sobre o disco e seu processo de criação e produção. 

Um dia depois a coletiva de imprensa e a festa, Marie conseguiu entrevistar um alegre Art Garfunkel:
-Qual é o motivo de sua alegria Art?

-Uma garota - ele respondeu, sorrindo e esbanjando ainda mais a sua alegria – Uma garota chamada Evanna!

E um melancólico e triste Paul Simon:

-Dizem que você é um dos poetas mais brilhantes de nossa geração e o que eu gostaria de saber, de onde você tira inspiração para escrever canções e poemas tão maravilhosos?

-É até uma pergunta um tanto quanto curiosa – disse ele – Acho que sofro as mesmas coisas que os grandes poetas, excesso de paixão por uma mulher.

No meio de tempo de todos esses eventos, Marie começou a freqüentar o estúdio The Factory de Andy Warhol, onde lá realizou com ajuda do próprio Warhol o ensaio fotográfico de Twiggy.E no dia do ensaio, ela conheceu um jovem rapaz esguio, de cabelos pretos encaracolados, de olhos escuros que seguravam olheiras mais escuras ainda. Seu nome era Lou Reed, líder e guitarrista do Velvet Underground. Nasci ali uma das maiores e mais belas amizades do mundo da música. 

Diziam que amizade dos dois parecia com a de Bob Dylan e Fanny Fritzwilliam, só que em vez dos dois estarem apaixonados e não se confessarem, Marie e Lou nunca conseguiram desenvolver uma paixão, acabaram se tornando quase como irmãos. Ele entrou pra um seleto grupo de amigos – formado por sua irmã Odile, seu ex- namorado Graham Bond, Felicty, Nora, Anastácia, Truman Capote e Andy Warhol – que ela tinha total confiança em mostrar seus escritos e ela passou a compor algumas canções com ela. 

Quando seu editor inglês, Richard, descobriu que ela havia começado a freqüentar a Factory e logo lhe encomendou uma entrevista.

-Mas com quem? – perguntou ela ao editor, durante a um telefonema enquanto ela trabalhava. 

-Eu deixo a cargo de sua escolha – ele respondeu – E quando você volta?

-Talvez no ano novo – respondeu ela – Vou visitar meus pais primeiro em Paris e depois volto pra Londres.

-Não pode voltar antes? – perguntou Richard – Todos aqui da redação estamos sentido sua falta!

Os dois conversaram por mais vinte minutos sobre a saudade que ambos estavam sentindo dela trabalhando em Londres e depois se despediram e ela recolocou o telefone no gancho. 

-O que Ritchie queria? – perguntou seu outro editor, Adam Heart.

-Ele quer uma entrevista com alguém da Factory – respondeu Marie, ascendendo um cigarro.

-Ah – suspirou Adam – Bem, quero que você faça uma entrevista Paul Simon.

Marie franziu a testa e encarou seu editor.

-Eu errei em alguma coisa? – perguntou ela, surpresa com a situação – Faltou alguma coisa? Antes que você brigue comigo, eu chequei tudo!

-Não é isso!- respondeu seu editor – Sua entrevista ficou ótima! É que Simon disse algo sobre o fato de estar sofrendo por amor e eu quero que você descubra quais foram as causas dessa melancolia dele!

-Pelo que eu saiba não somos uma revista de fofoca – disse Marie, bem mais aliviada.

-E não somos – respondeu ele – Mas um pouco de fofoca faz bem pro público e pra revista também!

Marie conseguiu agendar uma entrevista com Simon para a manhã do dia seguinte e depois saiu pra almoçar com Lou Reed. 

-Meu editor de Londres pediu que eu fizesse uma entrevista com alguém da Factory –ela comentou enquanto comia um pouco de batatas fritas, num restaurante perto de seu trabalho.

-Com quem? – perguntou ele, dando uma mordida num x-burguer cheio de queijo cheddar que escorria pelos cantos do sanduíche.

-Ainda não sei – respondeu ela, comendo mais algumas batatas fritas. Ela observou Lou comer um pouco, até que teve uma idéia – Vou entrevistar você!

-Eu?! – perguntou Lou, assustado e quase engasgando – Mas eu não sou famoso!

-É claro que você é famoso, Lou! – respondeu ela – Já lançou um disco que fez um sucesso que até que relativo e esta pra lançar outro disco e ainda toca nas melhores festas Factory!

-Correção, em todas as festas da Factory – disse Lou, enquando bebia um pouco de Coca-Cola. 

-Então, o que me diz? – perguntou ela.

Ele pensou um pouco, sorriu e por fim respondeu:

-Tudo bem, eu aceito! – respondeu ele – E quando podemos fazer? Amanhã de manhã?

-De manhã não vai dar – respondeu ela – Vou tomar café da manhã com Paul Simon!

Ela pegou agenda na bolsa e começou a procurar um horário depois da entrevista de Simon e viu que só havia um horário disponível. 

-Você esta disponível entre Quatro e seis da tarde de amanhã? – perguntou ela.

-Sim, eu acho – respondeu ele.

-Então nesse horário, farei a entrevista com você – respondeu ela.

-Vamos tomar chá, como vocês ingleses fazem? – perguntou ele.
-Na verdade, eu sou francesa – respondeu ela – tomamos chá com brioches, mas pessoalmente eu prefira comer brioches com café ou champagne! 

Os dois riram disso, terminaram de almoçar e Marie voltou para o trabalho. 

Depois de um dia exaustivo de trabalho, ela voltou para casa e não encontrou Jim por lá. Ela tomou um banho e depois preparou um pouco de macarrão com carne pra si, ligou a TV e começou a assistir I Love Lucy enquanto jantava e acabou sendo interrompida por conta do telefonema.

-Alô? – perguntou Marie.

-Marie, é você? – perguntou uma voz conhecida. Era Felicity McGold
.
-Olá Fefe!Que saudades de você!- respondeu Marie.

-Nós estamos morrendo ainda mais! – disse Felicity – Digam “Oi” pra Marie, meninas!

-Olá Marie! – disseram Ana e Nora em coro.

-Estamos aqui numa pequena festa do pijama! – disse Nora, tomando o telefone- Queríamos tanto que você estivesse aqui conosco!

-Festa do pijama? – disse Anastácia, um pouco embriagada – Estamos bebendo e assistindo I Love Lucy!
-Mon Dieu! – suspirou Marie – Vocês deixaram a Ana ficar bêbada de novo!

-Não estou bêbada...hic up...Só estou bebendo esse gim maravilhoso que...hic up....que o Enty comprou pra nós dois! – respondeu Ana.

-Ok, tudo bem Ana, agora me da esse telefone! – disse Nora.

-Não dou não! – disse Ana, saindo correndo com o telefone – Quero ligar pro Enty!

-Depois você liga pra ele! – respondeu Nora, conseguindo pegar o telefone – Agora vem falar com a Marie!

-Ai meu Deus, Marie esta do outro lado da linha? – perguntou Ana – Marie?

-Ana, o que eu disse sobre ficar bêbada? – perguntou Marie – Você não esta preparada pra esse tipo de coisa!

-Desculpe, só estou comemorando – respondeu Ana –Hoje entrevistamos vários, olha só foram três jogadores ingleses e foram as melhores entrevistas que fizemos! Eu entrevistei aquele cachorro do George Best, Fefe entrevistou Bobby Charlton e Nora o príncipe Bobby Moore!

-Agora ai se tem um caderno de esportes? – perguntou Marie – Aqui ta mais pra revista de fofoca!

-Soubemos que Adam quer saber sobre os ex- relacionamentos de Paul Simon – respondeu Felicity – E é normal até, lembra quando fomos investigar sobre a prisão do Mick Jagger e do meu ex- Keith Richards?

-É claro que sim – respondeu Marie – Mas estou farta de fofocas, pareço àquela jornalista, Kathy Giordano, só estou pegando pautas sobre fofocas!

Felicity acalmou Marie e depois contou sobre a idéia de entrevistar personalidades britânicas para lembrarem-se do primeiro título da seleção inglesa.

-Amanhã, nós iremos entrevistar o técnico Matt Busby, Dennis Law e algumas personagens da música como o cara que Ray acreditava ter ficado com Nora na época em que os dois namoravam, o  Ringo Starr, Bill Wyman e meu ex- Eric Burdon.

-O Burdon é um caso complicado! – disse Marie – Tome cuidado!

-Eu não vou entrevista-lo, quem vai é a Nora – respondeu ela.

-Mas ele não era apaixonado por vocês duas? – perguntou  Marie, bebendo um gole de cerveja, enquanto jantava.

-Era! Mas não sei te dizer se ainda é – disse Felicity – Enfim, estamos no seu apartamento!

-No meu apartamento? – perguntou Marie – A Jane esta ai?

-Sua colega se casou porque estava grávida do namoradinho dela! – respondeu Ana ao fundo. 

-Estamos cuidando das coisas até sua irmã voltar do show do Pink Floyd com o seu cunhado.  – respondeu Felicity.

-Fale das cartas! – gritou Nora ao fundo.

-Ah sim, tem algumas cartas aqui para você! – disse Felicity – Vou ler os remetentes pra você!

“A primeira é a da sua mãe, depois vem umas contas que sua irmã disse que vai pagar, uma de tal de Lucien, uma do Bond e uma de tal de François Truffaut, você conhece o Truffaut?”

-Truffaut era amigo do meu pai, mas nunca cheguei a conhecer, agora essa do Lucien e do Bond podem me mandar, por favor – respondeu Marie.

-Ah desculpe, a do Truffaut é da sua irmã! – respondeu Felicity.

-Odile conhece o Truffaut? – perguntou Nora, tomando o telefone de Felicity – Porque se ela conhece-o, eu também quero conhecer!

-Escreva para o meu pai Nora! – respondeu Marie – Ele pode fazer com que você encontre os dois!

-Os dois? – perguntou Nora.

-Godard e Truffaut – respondeu Marie – A dupla do barulho da Novelle Vague!

As quatro  continuaram a conversar sobre seus namorados e depois Marie disse que estava morta e precisava ainda escrever mais 20 páginas de seu romance para mostrar a Truman Capote.

-Truman Capote!Eu amo ele! – gritou Ana ao fundo.

-Eu sei disso Ana! – respondeu Marie – Agora deixem ela longe da bebida!

-Marie, esqueci de contar – disse Ana, pegando o telefone da mão de Felicity – Vamos entrevistar aquele cara que sua irmã é apaixonada e que tem foto dele no espelho, junto com a do Waters-cara-de-cavalo!

-Quem? Aquele alemão, o Beckenbauer? – perguntou Marie.

-Esse mesmo e outro chamado Gerd Müller! – respondeu Ana.

-Contaram pra Odile? – perguntou ela – Sei que ela iria surtar!

-Então contamos, mas só que ela não poderá ir por conta da peça dela que estréia amanhã – respondeu Ana – De repente ela começou a chorar, como uma criança!Ai falamos que ela teria outras oportunidades de conhecer o moço, mas ai ela não agüentou e de tanto chorar e Waters levou ela pro show!

-Diga a ela que eu telefono – disse Marie – E converso a respeito, sobre o assunto! E por favor me mandem as cartas!

As quatro se despediram e Marie foi preparar as entrevistas de Lou Reed e Paul Simon e por fim acabou indo se deitar. Durante a noite ela sentiu algo puxar seu corpo e mãos a enlaçaram. Era Jim chegando depois de mais um show. 

Naquela manhã, Marie acordou cedo, deu um pequeno beijo nos lábios de Jim e foi tomar um banho e se arrumar. Tomou um banho, vestiu um vestiu uma blusa de lã simples e uma calça jeans, já que estava frio, calçou suas botas pretas favoritas e tornar a beijar Jim nos lábios.

-Hoje o café é por sua conta, garotão – disse ela –

-Tem certeza? Estou morto! – respondeu ele.

-Tenho que ir já – respondeu ela, indo dar mais um beijo nele e ele acabou lhe dando um beijo quente – Jim! Mais tarde faremos amor!

-Mas eu queria agora! – disse ele. 

-Mais tarde – disse ela – Tchau!

Ela saiu do apartamento e depois tomou o metro até Greench Viillage, onde Simon vivia. Chegando lá foi recebido por um feliz Paul Simon que tomava café e cantava algo que parecia ser sua nova música. Ele lhe serviu uma xícara de café e enquanto ela pegava o gravador e uma caneta, ela acabou percebendo que esqueceu o caderno com as anotações das perguntas.

-Droga! Esqueci meu caderno com as perguntas! – disse ela – Sei que isso é terrivelmente chato, mas posso ir buscá-lo em casa? Eu não demoro nada!

-Tudo bem! – respondeu ele – Assim, eu posso terminar minha música!

Marie saiu correndo até o metro e conseguiu chegar em seu apartamento em vinte minutos. Quando ela chegou lá, encontrou a porta entreaberta e acabou achando aquilo muito estranho. Ela ouviu gemidos vindos do apartamento e achou aquilo muito estranho. Ela entrou em silêncio pelo apartamento, viu o pequeno caderno de capa cinza no mesmo lugar onde ela havia deixado, na mesinha de centro da sala,pegou-o e guardou em sua bolsa. 

Até que ela viu da sala, Jim e Nico,a alemã que namorava Lou Reed e ainda tocava no Velvet Underground fazendo amor, no quarto.

-Hüdin (vadia) – murmurou Marie em alemão. Ela saiu do apartamento e bateu a porta bem forte,para que os dois ouvissem. Tomou o elevador e quando chegou a portaria, deu bom dia para o porteiro. 

Ela tomou o metro outra vez e chegou ao apartamento de Simon chorando. Quando este abriu a porta, ela o abraçou fortemente. 

-O que foi? – disse ele, abraçando Marie também, mesmo ela sendo duas vezes maior que ele.

-Meu namorado! Meu traiu com a namorada do meu melhor amigo!  - respondeu ela.

-Sinto muito – respondeu ele –Eu sei como é! Kathy Giordano também me traiu!E muito até

-Vamos colocar isso na entrevista – respondeu ela, ainda chorando, soltando-se do abraço que dera ao pequeno poeta.

-Primeiro você se acalma e depois você me entrevista tudo bem? – perguntou ele. 

-Oui oui – respondeu ela.

-E depois, vamos resolver o que faremos com Jim – respondeu ele.

Marie concordou, mas sua cabeça não pensava em Jim, pensava em Graham Bond, na carta que este mandara e de como ela sentia aquela saudades dos abraços quentes que ele costumava dar nessa época do ano.
 

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